sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Torianita do Amapá no descaminho para países que constrói bombas nucleares, porque o governo não o mantém no local de origem.

O armazenamento de um minério rico em urânio e potencialmente perigoso está no centro de uma polêmica entre a Polícia Federal e a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Veja na reportagem de Arílson Freires. 

O contrabando de torianita é investigado desde 2004. Segundo a Polícia Federal, o quilo do produto é vendido por até US$ 300.

O minério, que é encontrado em grande quantidade no noroeste do Amapá, contém urânio e tório, usados na fabricação de armas e reatores nucleares.

Há um ano, depois da apreensão de uma tonelada do minério, a Polícia Federal recorreu à Justiça para que a Comissão Nacional de Energia Nuclear retirasse o material do estado. Desde então, parte da torianita está sendo armazenada provisoriamente no Batalhão Ambiental do estado.

“Nós temos uma área aberta, temos um fluxo grande de pessoas, tanto dos projetos sociais como dos policiais militares. E nós não temos dados mais concretos sobre esse minério”, declarou o tenente-coronel Sérgio Roberto Nascimento, comandante do Batalhão Ambiental.

“As fiscalizações e as apreensões foram suspensas em virtude de não haver local adequado para este material. Nós dependemos do Cnen para providenciar um local adequado, uma vez que esse minério é altamente radioativo”, alertou Dacildo Gama, assessor de comunicação da Polícia Federal.

A Polícia Federal defende a construção de um depósito no Amapá com a assessoria da Comissão Nacional de Energia Nuclear. O caso chegou à Justiça Federal, onde o assunto deve ser debatido em abril. O objetivo é reunir membros da comissão nacional e da polícia para encaminhar uma solução em comum.

“O que é inconcebível é que o país não tenha uma política de segurança nessa área, ou seja, não há um local adequado e determinado e nenhuma instituição específica para cuidar desse material após a apreensão pela Polícia Federal”, disse o juiz federal João Bosco Soares.

Cinco inquéritos sobre o comércio ilegal de torianita indiciaram os intermediários por danos ambientais e nucleares. A polícia não conseguiu identificar os compradores, que seriam do exterior. Até hoje, nunca foi produzido um relatório conclusivo sobre o destino do minério.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear declarou que jamais se recusou a colaborar com a Polícia Federal no Amapá e que até o ano passado transportou duas toneladas e meia de torianita apreendida no estado.


Para a Cnen, é fundamental descobrir a fonte e o destino do minério, porque a melhor solução seria mantê-lo no local de origem.

Um comentário:

Leonam disse...

Para informações sobre o tema veja
https://www.academia.edu/7410255/Torianita_do_Amap%C3%A1