terça-feira, 18 de outubro de 2011

Nióbio e Dr. Djalma Guimarães do ITI


O jornal Imprensa Popular de 21/02/1951 pag.3/4afirmou que o Departamento de espionagem funciona em Belo Horizonte " A Unitedt States Geological Survey" controla todas as informações sobre os nossos minerais estratégicos - conveniência do Instituto de Tecnologia Industrial. Belo Horizonte (21) O "jornal povo" desta capital, denuncia aqui  instalada uma repartição do governo norte-americano instalada nas salas 901,902,903 e 904 do edifício Andrade Campos no coração da cidade. Trata-se da Unitedt States Geological Survey que vem a ser inspeção Geológica dos Estados Unidos. Os funcionários desta repartição americana foram chegando sorrateiramente, aproveitando a  subserviência aos ianques, do ex-governador Milton Campos através do Instituto de Tecnologia. A penetração foi feita através do Instituto de Tecnologia Industrial que os americanos transformaram em centro informativo de grande interesse para sua espionagem economica e militar. No I.T.I. e nas escolas de Minas de Ouro Preto, os agentes do governo do Truman toman conhecimento rápido de todas as análises de minérios estratégicos notadamente os do rádio ativo  os de maior procura. Não é de hoje que o I.T.I. contribui com informações do mais alto interesse  da espionagem dos Estados Unidos. O geólogo Djalma Guimarães da I.T.I. hoje dono das jazidas de Zicórnio em Poços de Caldas, tem seu nome  nas capas das publicações do governo e dos trustes ianques tais como "Economic Geology" e o "Bulletyn of Society of the Economic Geologists". Estão hoje no I.T.I. contratado os técnicos:  russo branco Boris Brajnikov e o alemão nazista André Schneider. Schneider passou toda a guerra na Alemanha, depois fugindo para a Espanha de Franco, aonde se deportou numa escala natural e lógica para o Brasil de Dutra. Em uma reportagem o "Jornal do Povo" publica o quadro de inquilinos do edifício Andrade Campos, aonde aparece assinaladas as salas que a E.U. Geological Survey ocupa, por sinal um andar abaixo do Partido Republicano.
Vamos tirar nossas conclusões?
As informações abaixo foram tiradas do site de Djalma Guimarães
Professor Djalma Guimarães em conferência na Sociedade Mineira de Engenheiros (1934)
Djalma Guimarães 
 Um mestre que amava a Terra
Quando o cientista geoquímico Djalma Guimarães do ITI propôs, em uma entrevista, que o Governo de Minas devia formar um Fundo com uma pequena parte dos futuros lucros daquelas jazidas (royalties) para dar suporte a órgãos de pesquisa geocientíficas e agronômicas estaduais, houve um completo silêncio, que perdurou por vários governos, iniciando, naquela hora, um doloroso processo de decadência do ITI (Instituto de Tecnologia Industrial). A Fertisa, detentora das duas jazidas, foi logo extinta e sucedida, em 1957, pela Camig, que, por sua vez, foi também extinta, passando as jazidas e os royalties respectivos para a Metamig, que se transformou em Comig, em 1990. Esta última foi extinta em 2003, sendo criada a Codemig, que, hoje, administra, com invejável autonomia, os royalties que resultaram das pesquisas do velho ITI. O processo surdo de disputa dessa vultosa soma de recursos foi como se o nióbio representasse, virtualmente, um "Pré-Sal de Minas...".

Não existem, até hoje, dados precisos de fontes oficiais do quanto é recebido anualmente pelo Estado, como royalties relativos ao nióbio e à apatita. Sabe-se, entretanto, que o novo Centro Administrativo do Estado, há pouco inaugurado, não contou com verbas orçamentárias, mas somente com royalties. De qualquer maneira, é gratificante para a comunidade de geocientistas de Minas Gerais descobrir que o legado de um geocientista e do ITI continua contribuindo, pesadamente, para o nosso progresso. Mesmo não sendo tais geocientistas lembrados.

Jamais se poderá dizer que um Serviço Geológico bem estruturado e comandado por geocientistas competentes (como pensava Lucas Lopes) não seja a melhor e mais lógica solução para levantar as riquezas minerais de um Estado privilegiado como o nosso. (Uma discussão sobre a competência do Estado em manter um órgão Geocientífico foi publicada por Dutra no jornal Estado de Minas em 23/11/2006).
Os últimos anos

Em 1964, já aposentado no ITI, Djalma Guimarães passou a dar aulas e publicar livros didáticos patrocinados pelo DNPM, para suprir os novos cursos de Geologia que haviam sido criados. Continuou, ainda, a usar os laboratórios do ITI por algum tempo, pois tentou montar laboratório geoquímico na UFMG, no Curso de História Natural, mas não conseguiu levar tal projeto avante. Foi para o DNPM/BH, onde passou a ser Consultor, dedicando-se, apenas, à petrografia e a publicar artigos de discussões teóricas. Com a criação da CPRM, em 1970, foi transferido para a Agência dessa empresa, em 1971. A falta de um laboratório, em muito, limitou sua atividade como geoquímico. Não publicou nenhum trabalho, nesta área, nos 2 anos que passou na CPRM. As poucas publicações que fez, nesse período, foram hospedadas pelo DNPM ou custeadas pelo próprio autor. Pode se afirmar que o último trabalho de Geoquímica de Guimarães foi a comunicação de uma nova ocorrência de pirocloro em Catalão II, feita, em 1970, ao XXIV Congresso Brasileiro de Geologia (Dutra e Guimarães, 1970). Guimarães publicou cerca de 260 trabalhos, sendo que 110 foram executados no período de 18 anos em que permaneceu como funcionário do ITI, na qualidade de chefe do seu Setor de Geologia e Geoquímica.





O ITI foi um centro geocientífico comprometido com resultados. Não gerava pesquisas mirabolantes. E o importante é que seu trabalho pioneiro teve o mérito de induzir outros órgãos, que, usando o mesmo modelo de pesquisa, acabaram encontrando, mais tarde, novos depósitos de fosfato e de nióbio, como os de Tapira e Catalão.


Com o desaparecimento do Museu de Mineralogia, completa-se, assim, a série de desmantelamentos dos órgãos geocientíficos do Estado das "MINAS" Gerais. Tal movimento foi iniciado em 1943. O Estado liquidou, uma a uma, as seguintes instituições (algumas datas são incertas, pois as instituições, quase sempre, passaram por desmembramentos, aglutinações, mudanças de nomes e outras mágicas, até desaparecerem sem ninguém notar):
  • Serviço da Produção Mineral, Secretaria da Agricultura – 1943
  • Instituto de Tecnologia Industrial – 1963.
  • Instituto de Minérios e Tecnologia – 1965.
  • Departamento de Geologia do Cons. Estadual do Desenvolvimento – 1970.
  • Departamento de Geologia do Instituto de Geociências Aplicadas –1992.
  • Secretaria de Minas e Energia – 2002.
  • Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães – 2009.
Não sobrou pedra sobre pedra, tanto no sentido Bíblico, como no sentido Geológico...


O nosso maior geocientista faleceu no dia 10 de outubro de 1973. Sua luta em benefício das terras brasileiras extraindo  do solo minerais para transformar o Brasil em grande potência... Podaram seus intentos, dificultaram seus objetivos, porém, Djalma Guimarães deixou sua marca de honra na História do Brasil.


Em 1948 Dr. Dijalma levou o Secretário da Agricultura, Dr. Américo Giannetti, para conhecer a jazida de apatita em Araxá que eram de 80 milhões de tonelada de dosfato.
Químicos, Fernando Peixoto (a direita) e Marcelo F.Cavalcante, especialistas em análise de rochas.
Início da sondagem da jazida de pirocloro no Barreiro, Araxá. Na foto os Engenheiros Iphigênio Soares Coelho (primeiro à esquerda), Antonio Ottoni (de capacete, a direita) ao lado de Guimarães.
Anibal Alves de Oliveira trabalhando com amostras radioativas de Volta Grande,São João Del Rei.
Espectrógrafo Hilger, onde se detectou o Nióbio no ITI pela primeira vez em 1953. Na foto a técnica Cordélia Vieira Dutra.
Primeiro Registro da Identificação do Nióbio de Araxá/MG - 10 de Março de 1953. (Doado em 10/03/2001 pelo Químico Cláudio Dutra, que há 50 anos interpretou este espectrograma) 
Espectrógrafo Baird de Retículo, com 3 metros de distância focal. Limites de detecção de elementos-traços extremamente baixos, para geoquímica multielementar.
K.J.Murata e Claudio V. Dutra trabalhavam em Washington D.C. no projeto de Espectroquímica do Tório em 1953. Foi o início de uma longa e produtiva cooperação entre o UTI e o U.S. Geological Survey.
Laboratório do USGS, em Washington, DC, onde em 1954 foi executado o trabalho sobre o Espectroquímica do Tório.
O primeiro fluorímetro construído no ITI em 1954 com instruções obtidas no USGS. Foi usado nas determinações de urânio em amostras de pirocloro e em caldasito de Poços de Caldas.
O diretor do ITI (centro), Dr. José Moreira dos Santos Penna, acompanhado de funcionários, leva o Governador Milton Campos notícias de novas ocorrências minerais e reivindica maiores dotações orçamentárias. Presentes os Químicos Claudio V.Dutra, Emilio Caran e Lourenço Menicucci.

Créditos ao: Professor Dr. Djalma Guimarães. https://www.ufmg.br/diversa/11/artigo4.html
http://niobiomineriobrasileiro.blogspot.com.br/2011/10/niobio-do-iti-o-pre-sal-de-minas.html

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