quinta-feira, 9 de julho de 2020

Serra do Cachimbo Secreta - Centro Técnico Aeroespacial (CTA - Campo de Provas Brigadeiro Velloso (CPBV).

Reserva biológica nascente da Serra do Cachimbo Decreto de 20 de maio de 2005

Operações militares secretas na Serra do Cachimbo

Durante anos, o Brasil manejou bilhões de dólares em contas secretas, fez importações clandestinas, envolveu-se com tráfico de tecnologia, subornou estrangeiros, escondeu atentados e enganou até presidentes da República. O único propósito era fabricar a bomba atômica. São capítulos do célebre programa nuclear paralelo, iniciado em meados da década de 70 e desenvolvido na penumbra. Na semana passada, diante do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, o presidente Fernando Henrique assinou o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, o TNP. Produzido em 1968, o TNP abre o país à fiscalização internacional de suas instalações nucleares e proíbe o uso da energia nuclear para fins bélicos. Na prática, a assinatura tem pouco efeito, pois o Brasil já recebe fiscais internacionais. Mas o gesto do presidente tem enorme significado simbólico. Enterra, definitivamente, a era em que o Brasil quis virar uma potência nuclear bélica.

As manobras clandestinas para fazer a bomba sempre foram misteriosas. E nem poderia ser diferente. Já houve até uma CPI no Congresso para investigar o assunto, porém nunca se soube em detalhes o que ocorria nos subterrâneos do programa nuclear. Mas toda vez que o assunto vem à tona descobrem-se algumas novidades:

Em 1990, quando o presidente Fernando Collor assumiu, fez-se uma devassa na Comissão Nacional de Energia Nuclear, a CNEN, que coordenava os trabalhos clandestinos dos militares. Descobriu-se que seu então presidente, Rex Nazareth Alves, que comandava o órgão desde o regime militar, retirara sete Kombi cheias de documentos. Eles nunca mais apareceram. Nazareth Alves diz que eram documentos pessoais.

 Para controlar a pesquisa nuclear, o sucessor de Nazareth Alves na CNEN, o químico nuclear José Luiz Santana, deslocou onze fiscais para as instalações nucleares. Nos primeiros seis meses do governo Collor, Santana sofreu três atentados. Um, na porta da escola do filho, em São Paulo, onde foi alvo de uma rajada de balas. No outro, no Rio, os pneus do seu carro foram desparafusados. O último aconteceu em São Paulo, quando o chão do seu carro desabou. Haviam desconectado o volante do eixo do carro. Santana sempre escapou ileso. Os serviços de inteligência nunca apontaram os culpados.

 Para agilizar o programa, os militares subornavam funcionários na Europa e nos Estados Unidos em busca de informações sobre tecnologia nuclear. O alvo predileto era a Euraton, indústria de enriquecimento de urânio com sede na Suíça. "Nos Estados Unidos, a Marinha comprou equipamentos que podiam ser vendidos mas não podiam deixar o país. Uma equipe de técnicos foi para lá, desmontou tudo e copiou peça por peça", diz um militar que trabalhou no coração do programa nuclear.

Pá de cal — A aventura da bomba começou com o acordo nuclear firmado entre Brasil e Alemanha, em 1975, pelo então presidente Ernesto Geisel. Por esse acordo, os dois países desenvolveriam a tecnologia para produzir o combustível nuclear — que inclui o enriquecimento do urânio — e construir no país oito novas usinas nucleares. As usinas gerariam energia elétrica, mas os militares namoravam secretamente a idéia de dominar o processo de enriquecimento do urânio, passo indispensável para fazer a bomba. Sob pressão americana, o acordo fracassou. Das oito usinas programadas, a primeira delas, a Angra II, será inaugurada no final deste ano, duas décadas depois do previsto. Quanto à usina de enriquecimento do urânio, nunca saiu do papel. Desde o fracasso do acordo, os envolvidos no projeto bomba foram para a clandestinidade. Movidos por verbas secretas, os militares trabalharam sozinhos. O Exército tentou desenvolver um reator a grafite, que produz plutônio, elemento usado na construção da bomba. A Aeronáutica fracassou ao querer enriquecer urânio por laser. Tentou ainda desenvolver um "vetor", foguete capaz de carregar o artefato nuclear. A Marinha chegou mais perto do objetivo. Conseguiu enriquecer urânio por meio de ultracentrifugadoras. Em 1987, o presidente Sarney convocou cadeia nacional de rádio e TV para anunciar que a Marinha dera o grande passo.

Cheio de sombras, o programa nuclear começou a ruir no próprio governo Sarney, quando o presidente se aproximou do seu colega argentino, Raúl Alfonsín, e fez um acordo de paz nuclear para sepultar rivalidades. Só no governo Collor se soube que a Aeronáutica tinha até buracos na Serra do Cachimbo, na fronteira de Mato Grosso com o Pará, para fazer testes nucleares. Até esse buraco, no entanto, foi ocultado pelos militares. Collor, ao assumir, recebeu um relatório, com tarja de ultra-secreto, capa vermelha e cinqüenta páginas. Era o mapa da bomba, mas nada falava da Serra do Cachimbo. Quando soube do campo de testes, Collor foi lá e o fechou simbolicamente com uma pá de cal. Na semana passada, usando desta vez uma caneta, FHC acabou com o dispendioso e paranóico sonho da bomba brasileira. Além do TNP, o presidente ratificou outro acordo, endossado por apenas dezesseis países, que proíbe até testes nucleares. Enfim, o delírio acabou[2]


Localizado bem próximo da BR-163 (Rodovia Cuiabá-Santarém)

Campo de Provas Brigadeiro Velloso é uma base da Força Aérea Brasileira (FAB), localizada na Serra do Cachimbo, em Novo Progresso no Pará, com área de 21,6 mil km² e perímetro de 653 km, sendo comparável, em tamanho, ao estado de Sergipe. Fica localizado bem próximo da BR-163 (Rodovia Cuiabá-Santarém), com entrada na altura do km 16,9.

O decreto nº 83.240, de 7 de março de 1979 destinou as glebas Cachimbo, Gorotire e Curuaés para constituírem uma área destinada ao desenvolvimento de ensaios de armamentos, artefatos bélicos, experimentos, testes, treinamentos e outras manobras de interesse das Forças Armadas do Brasil.

Em 18 de agosto de 1979 foi inaugurado o novo Aeroporto do Cachimbo, com pista de 2.602 metros de comprimento.

Campo de Provas de Cachimbo foi criado em 7 de março de 1983, sendo subordinado ao Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA).

À partir de 1984, iniciou-se, em total sigilo, a construção no local de uma base subterrânea com o objetivo de desenvolver testes nucleares. Em 1990 o então presidente Fernando Collor de Mello simbolicamente joga uma pá de cal no local de testes. O nome da unidade foi alterado para Campo de Provas Brigadeiro-do-Ar Haroldo Coimbra Velloso em 17 de janeiro de 1995. Em 30 de julho de 1997 o nome foi alterado novamente para a sua forma atual, Campo de Provas Brigadeiro Velloso (CPBV).


POR QUE AS FFAA TRANSFERIU A BASE MILITAR  SUL PARA GOIAS?

Serra do Cachimbo (PA), BR 163 e Guarantã do Norte (MT)

Serra do Cachimbo percurso BR 163
https://www.youtube.com/watch?v=iJqgqcSmxd4

Porque os militares não fiscalizaram, cuidaram, da Reserva Ecológica Serra do Cachimbo?

FLORESTA ROUBADA:
  • Para chegar até lá é preciso atravessar estradas de terra estreitas que cortam a densa floresta amazônica, intercaladas com paisagens de cerrado. A reserva é uma área de transição entre os dois biomas, além de berço de afluentes dos rios Xingu e Tapajós. Mais desmatadas estão localizadas no Pará: são elas: APA Triunfo do Xingu (PA), FLONA do Jamanxim (PA), APA do Tapajós (PA), FLONA de Altamira (PA), FLONA de Itaituba II (PA), REBIO Nascentes da Serra do Cachimbo (PA), RESEX Rio Preto-Jacundá (RO), ESEC da Terra do Meio (PA), RESEX Jaci Paraná (RO) e REBIO do Gurupi (MA).

https://www.youtube.com/watch?v=YHF1XOqgijc
Reserva biológica nascente da Serra do Cachimbo Decreto de 20 de maio de 2005

Que segredo Srs. militares escondem hoje na Serra do Cachimbo?


Desde 1981 têm sido realizados levantamento geológicos e hidrológicos na área,  foi concluída a construção de um poço de 320m de profundidade por um metro de diâmetro. A área de testes deverá ser concluída em 1991.Ao ser informado pela Folha que o jornal publicaria esta notícia, o presidente José Sarney reagiu, segundo o jornalista Fernando Cézar Mesquita, seu secretário de Imprensa, com estas palavras: "Por esta mesa, nunca passou qualquer documento deste tipo". O ministro-chefe do Gabinete Militar, general Rubem Bayma Denys disse _ ainda segundo Mesquita_ que a informação é "absolutamente inverídica". O brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, diretor do Centro Técnico Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), foi chamado com urgência a Brasília no início da noite de ontem. A região onde estão sendo construídas as cisternas e covas é área militar delimitada por decreto durante o governo Geisel (1974-1979), cortada pela rodovia Cuiabá-Santarém (BR 163), e fica a 720 km de Belém (PA) e a 670 km de Manaus. As três regiões florestais mais próximas mais próximas são as reservas florestais Mundurucânia, a 180 km, a reserva indígena Baú-Mencranotire a 60 km e o Parque Nacional do Xingu, a 300 km. 
O projeto da área de teste é do Estado-Maior das Forças Armadas (Emfa) e conta com o apoio de pesquisadores de dois órgãos vinculados ao Centro Técnico Aeroespacial (CTA, do Ministério da Aeronáutica, situado em São José dos Campos, a 97 km a nordeste de São Paulo): o Instituto de Atividades Espaciais (IAE) e Instituto de Estudos Avançados (IEAV). A segurança da área militar é responsabilidade da Força Aérea Brasileira, que já dispunha, na região, de pistas de pouso de 3.200 metros. 

A escolha da serra do Cachimbo deveu-se ás condições geológicas da região. Trata-se de um conjunto de platôs com uma altitude máxima de 640 metros acima do nível do mar, cobertos por arenito, com uma espessa camada de rochas ígneas (impermeáveis, portanto) e sem o risco de atingir lençóis freáticos (lençóis d'água). A região militar da serra do Cachimbo está localizada no município de Itaituba, o maior do Brasil, com 700 km de extensão, o subsolo conferem ao local das escavações a solidez necessária para a construção dos depósitos de lixo atômico e das cisternas para testes nucleares. A reserva militar da serra do Cachimbo já vem sendo utilizada pelas Forças Armadas para testes com materiais bélicos como bombas fragmentadoras, foguetes e mísseis convencionais.
A Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM, do Ministério das Minas e Energias) começou a fazer os levantamentos geológicos e hidrológicos da região em 1981, por solicitação do Centro Técnico Aeroespacial (CTA, do Ministério da Aeronáutica). Os primeiros geólogos deslocados para a área foram da Superintendência da CPRM de Minas Gerais. Desde o início, o projeto foi cercado de todas as medidas de segurança e os funcionários que nele trabalharam tinham conhecimento de que era "secreto", o poço de 320 metros de profundidade. O poço pronto levou um ano para ser perfurado e revestido porque a CPRM não dispunha de tecnologia para perfurá-lo por causa do tamanho do diâmetro e o CTA teve de importar uma coluna de perfuração dos Estados Unidos. Este poço está localizado a 17 km da estrada Cuiabá-Santarém. Até 40 pessoas chegaram a trabalhar, em alguns momentos, na sua construção. Somente a direção da CPRM teve acesso às informações sobre o trabalho, que recebeu a denominação interna de "Projeto Pedra do Índio". Desde que foi contratada para o serviço pelo CTA, a CPRM teve três presidentes: José Raimundo de Andrade Ramos, general Salvador Mandin e José Carlos Boa Nova, o atual.

Pesquisadores do IAE, EEAV e da Marinha continuam a fazer levantamentos no terreno para marcar os locais onde serão construídas as futuras cisternas e covas revestido até agora de concreto e as cisternas receberão, além do concreto, chumbo e amianto. Já as covas, onde serão guardados os lixos atômicos, terão profundidade entre 100 e 150 metros e seu interior será revestido somente de concreto. A explicação é que devido à profundidade os riscos de vazamento são mínimos.
O EMFA conta com o apoio de pesquisadores de dois órgãos subordinados ao CTA, o Instituto de Atividades Espaciais (IAE) e o Instituto de Estudos Avançados (IEAV). Estes órgãos, junto com o Centro de Pesquisas da Marinha e com a colaboração do Instituto de Pesquisas Nucleares da Universidade de São Paulo (USP) estão trabalhando há alguns anos para adquirirem domínio sobre as matérias primas essenciais para a fabricação de artefatos nucleares: o plutônio e o urânio enriquecido.
Dois objetivos principais levaram o EMFA a levar adiante o projeto: em breve as usinas nucleares de Angra estarão em funcionamento e o país terá de armazenar lixo atômico (urânio usado no reator, material radioativo, mais produtos e urânio não queimado que recebe grande quantidade de neutrons e vira plutônio), sem causar riscos à população das cidades. O segundo objetivo, é o de construir mísseis atômicos. A segunda fase deste projeto _ a construção de uma ogiva atômica _, considerada a mais importante, também já está em andamento,  foi firmado um acordo entre os governos do Brasil e da República Popular da China para a troca de tecnologia que permitirá o desenvolvimento de mísseis de ataque com ogivas atômicas de combustível sólido _similares aos usados pelos EUA na década de 60. (Folha)[1]

NOTAS:
1. [Reportagem publicada em 8 de agosto de 1986
3. Em 1945, foi assinado o primeiro acordo com os Estados Unidos, que previa um fornecimento de 5.000 toneladas anuais de monazita e que poderia ser prorrogável por até dez vezes. Três anos depois, o Conselho de Segurança Nacional denunciou o acordo alegando que não havia nenhum retorno de benefício claro dos EUA em troca da monazita. As exportações foram interrompidas demonstrando o primeiro ato de preocupação do governo visando resguardar as matérias-primas nucleares existentes no solo brasileiro.
A Lei 1.310 de 1951, que criou o Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), estabeleceu o monopólio estatal dos principais minérios atômicos, proibindo a exportação de urânio e tório, a não ser por autorização expressa do governo.
O CNPq, através do almirante Álvaro Alberto, propunha uma política nacional de energia nuclear com planos de produção de urânio enriquecido, construção de reatores e busca de apoio científico e tecnológico em outros países além dos Estados Unidos. Os detalhes do acordo foram descritos pelo pesquisador Kurt Rudolf Mirow, no livro “Loucura nuclear: os enganos do Acordo Nuclear Brasil Alemanha”.
Para o CNPq, o material radioativo só poderia ser exportado caso houvesse uma compensação específica: o material seria trocado por conhecimento tecnológico para a criação de reatores nucleares. No entanto, essa demanda ia contra a Lei McMahon dos Estados Unidos, que protegia todos os conhecimentos associados à energia nuclear.
O almirante passou, então, a procurar e propor acordos com outros países que fossem mais vantajosos para o Brasil. Ele defendia, notadamente, uma cooperação com a República Federal da Alemanha, que estava pesquisando uma maneira alternativa de enriquecimento de urânio.
Assim, foi feito um acordo secreto com a Alemanha para instalação de três equipamentos de enriquecimento de urânio no Brasil, apesar da eficácia do método pesquisado pelos alemães estar longe de ser comprovada.
Após a compra das máquinas e do treinamento de centenas de pesquisadores, a suspeita se confirmou: o processo por jet-nozzle usado pelos alemães era altamente complexo, e totalmente inviável para os fins que o Brasil desejava. Uma sabotagem também prejudicou os planos de Álvaro Alberto: contrários a qualquer acordo paralelo, os americanos conseguiram barrar o envio das centrífugas alemãs poucos dias antes do embarque para o Brasil.
Oficialmente, é aí que termina a primeira tentativa do governo brasileiro de adquirir a tecnologia para a produção de reatores nucleares. No entanto, sempre houve a suspeita de que o verdadeiro motivo do acordo com a Alemanha era adquirir a tecnologia para a bomba atômica.
A pesquisadora Tânia Malheiros, autora de “Brasil: A Bomba Oculta – O Programa Nuclear Brasileiro”, afirma que o governo manteve dois programas nucleares: o oficial, com fins pacíficos, e o paralelo e sigiloso. Sempre houve facções do regime que defendiam que a única maneira do Brasil ser respeitado no mundo seria ter a bomba.
A Constituição de 1988 havia proibido o país de usar a tecnologia nuclear para fins bélicos, mas o “esforço paralelo” dos militares sobreviveu até 1990, segundo confirmou mais tarde José Carlos Santana, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear no governo Collor.
Para Marcos Tadeu, físico e pesquisador das areias monazíticas de Guarapari,  o tório capixaba chegou a ser usado nesse esforço paralelo dos militares, mas se provou pouco eficaz e foi abandonado alguns anos depois.
A suspeita de que o Brasil trabalhava secretamente em uma ogiva nuclear tornou-se mais intensa na segunda metade da década de 1980. Uma série de reportagens da mídia nacional revelou aspectos secretos do programa atômico. Isso só fez aumentar os rumores sobre um possível teste nuclear brasileiro.
A maior comprovação do esforço para criação de uma ogiva nuclear, porém, só veio no final dos anos 80. O jornal Folha de São Paulo expôs a construção de instalações subterrâneas que “se prestam a testes nucleares diversos” na Serra do Cachimbo, no Sul do Pará. A área era militar, delimitada por decreto durante o governo Geisel. Na época o presidente José Sarney negou que o espaço fosse utilizado para esses fins.
Em 1990, porém, em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, Sarney contou que, ao assumir o governo, descobriu que havia instalações nucleares na Serra do Cachimbo.
Pouco depois, ele jogou uma simbólica pá de cal num poço de 320 m para testes nucleares e ordenou sua destruição.

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